Neste blog, vou passar fazer todo aquele trabalho que habitualmente tenho vindo a distribuir por vários blogs. Dar descanso aos velhos....

22
Set 17

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Em post divulgado no dia 11/8/17 no blog Portugal, minha terra, Barroso da Fonte faz referenciaria ao seu relacionamento com mais três notáveis transmontanos que em vida honraram a gesta nas letras e na ciência: Miguel Torga, Magalhães Gonçalves e Mário Carneiro. Foi-me dado saber então que à  volta disso já Barroso da Fonte havia escrito um opúsculo onde registou esses contactos que tornou em documento e dele falou por ocasião da data em que se fosse vivo Miguel Torga faria 110 anos, nesse dia, 12 de Agosto. Nasceu em 1907.

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"Tive a sorte - diz ele - de ser um dos privilegiados em conviver com Miguel Torga.

Quando regressei de Angola, como militar, em Junho de 1967, fixei-me em Chaves, como professor eventual de Liceu e Chefe de Redacção do semanário «Noticias de Chaves». Em fins de 1968 troquei as aulas do liceu pelo Centro de Emprego. Durante cerca de um ano fui o único funcionário. E o estatuto da antiguidade deu-me a possibilidade de ser o responsável, durante vitoriosos anos, tendo contribuído para patrocinar o ingresso de alguns colegas e até para indicar, como médico de higiene e segurança no trabalho, o Dr. Mário Gonçalves Carneiro que retirava algumas horas à   dedicação quase exclusiva às Termas de Chaves ".

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 Mão amiga - digo eu - ao saber da minha admiração e estima por essas personagens da cultura, e em particular pelo autor do opúsculo, teve a gentileza de trazer ao meu conhecimento retalhos desse trabalho de Barroso da Fonte que li e achei oportuno engendrar um post meu à  volta do tema. Tanto mais que estão em cena figuras que muito enobreceram a minha região transmontana e a cultura nacional.

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De Torga ressai o que já dum seu colega em medicina, o saudoso Dr. Assis Pacheco, me havia confidenciado e B. da Fonte deixa agora confirmado: "O director das Termas de Chaves que tarda em ser homenageado como o «pai» das renascidas instalações balneares, desde há duas décadas hospedava, na sua Casa da Rua Direita, o Dr. Adolfo Correia da Rocha. Este sempre vivera à « boleia», ora para o estrangeiro, ora no seu próprio reino Maravilho. Fora assim nas termas do Geres, nas Aguas de Carvalhelhos e, naquela altura, nas Aguas de  Chaves. Nada pagava nos tratamentos, tinha comida e dormida, de graça, na casa pessoal do então director Mário Carneiro" . -  Não é defeito é modo de economizar enquanto os amigos assim o entender....

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 Foi o Dr. Mário Carneiro quem apresentou Torga a Barroso da Fonte e este quem apresentou Torga a Fernão de Magalhães Gonçalves  que tinha ganho o 1º prémio nos Jogos Florais de Chaves. "Por essa altura apresentei-o ao Fernão de Magalhães Gonçalves que tinha ganho o 1º prémio nos  Jogos Florais de Chaves que eu passei a organizar, desde 1978. Foi esse estudo sobre o Telurismo na obra de M. Torga que os tornou amigos para o resto da vida. F.M. Gonçalves foi, segundo Torga, o ensaísta Português que melhor interpretou a obra Torguiana". Um retrato de Torga traçado por Barroso da Fonte

 

publicado por aquimetem, Falar disto e daquilo às 15:53

2 comentários:
...
(DOIS AUTORES QUE HONRARAM TRÁS-OS-MONTES)

..."A entrega dos prémios foi feita em Julho, durante as festas da Cidade. Em Setembro seguinte, logo que Torga chegou e nos reencontrámos, disse-lhe:
-O Sr. Dr. sabe que apareceu nos Jogos Florais um trabalho muito interessante que teve o primeiro prémio e que abordou o «telurismo» na sua obra?
- Não sabia disso. Onde é que eu posso ler esse trabalho?
- Fique descansado que amanhã trago-lhe, como oferta, uma cópia desse estudo.
Nessa tarde o tema da nossa conversa foi exactamente a sua obra e o pouco apreço que os críticos e as instituições nacionais lhe dedicavam.
No dia seguinte cumpri o prometido. Ainda na minha presença leu, por alto, aquelas dez páginas e perguntou-me:
- Quem foi o organizador destes Jogos Florais?
- Fui eu, com o apoio do Notícias de Chaves.
- E então o senhor não publica este trabalho que é das melhores coisas que se têm escrito sobre a minha obra?
- Senhor , Dr., eu vi-me «grego» para arranjar o dinheiro para os prémios quanto mais para o publicar em livro...
- Se não tinha dinheiro não se metia nisso ...
Perguntou-me, depois, quem era o autor e como poderia apresentar-lho.
Falei com Fernão de Magalhães Gonçalves, dei-lhe conta das elogiosas referências que fez ao seu trabalho e combinámos encontrar-nos, o que viria a acontecer, dias depois.
Desde essa altura ficaram amigos. Presumo até que terão sido amigos dos mais chegados, a ponto de Fernão de Magalhães Gonçalves ter escrito vários livros sobre temática Torguiana". ...
... ...

(DOIS TALENTOS QUE APROXIMEI)
... "Ao passar a letra de forma as poucas palavras que entendo tornar públicas, a propósito do I Centenário do Nascimento do Dr. Adolfo Correia da Rocha, uma segunda razão me ocorreu: homenagear também, outro grande transmontano:
Fernão de Magalhães Gonçalves que nasceu em Jou (Mursa), em 6 de Janeiro de 1943, e que faleceu numa rua de Seul, em 8 de Julho de 1988, onde chegara, há uma semana, com a missão de ser Leitor de Português na Universidade da capital da Coreia do Sul. Fora oficial miliciano, de Transmissões, em Angola, formara-se em História na Faculdade de Letras do Porto, leccionou no então Liceu de Chaves, mas foi no jornalismo e na literatura que se notabilizou. Nos suplementos literários dos jornais «a República» e «Diário de Lisboa» escreveu sobre as grandes figuras da cultura mundial do seu tempo, e não só: Trindade Coelho, José Régio, Aquilino Ribeiro, Aznavour, Raul de Carvalho, Herberto Helder,Jacques Prevert, Nuno Montemor, Paul Claudel, Steinheck, Senghor, Francisco de Assis, João de Araújo Correia. Mas foi Miguel Torga que mais o fascinou. Direi mais: terá sido por ele eleito para modelo de vida.
Tive a sorte de ser eu a apresentá-los, como atrás se esclarece. E, desde aí, até à morte, penso que houve uma solidariedade, uma cumplicidade, uma empatia, como não se conhece pela vasta obra de ambos". ...

In Torga e Eu - Correspondência dele para mim.

BARROSO DA FONTE


Anónimo a 22 de Setembro de 2017 às 17:57

Rico e suculento comentário que veio enriquecer o meu modesto esboço sobre o tema em foco. Seja de quem for esta achega ao meu post por certo penso eu é pessoa muito culta e conhecedora da obra destes dois ilustres transmontanos . Parabéns e o meu muito obrigado pela ajuda que deu no complemento que faltava

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