Como citei em “Portugal, minha terra” do passado dia 18, um dos amigos que tenho afetos à martirizada região que o fogo tornou tristemente famosa, é o distinto poeta e prosador João de Deus Rodrigues de quem hoje recebi esta mensagem e o respetivo poema a que faz referencia e eu com muito respeito e dor face aos acontecimentos transcrevo:
“… cheguei ontem de Pedrógão Grande /Mosteiro, onde estou casado vai fazer 50 anos, e lá vivi, pessoalmente, o drama do incêndio que devastou, pessoas, casas, animais e a floresta, e se aplica este poema, escrito há mais de vinte anos.
Poderá parecer imprudente, numa altura em que os fogos destroem parte do País, vir eu com um poema sobre o fogo. Pensei nisso, mas, mesmo assim, acho que é bom pensar no fogo e no que diz o poema”. -Já o conhecia e voltei a ler agora… É muito actual
O fogo.
No início,
No concílio do Poder,
Ordenaram-te os deuses:
Vai, leva luz às trevas,
E dá sentido à claridade,
Porque o Universo é teu.
Partiste como um raio,
E veio contigo o poder,
O ímpeto destruidor.
E espalhaste chamas
Pelo mundo,
E a beleza da tua cor.
Mas também,
Felicidade e sofrimento,
E muitas lágrimas e dor!
In livro “Passagens e Afectos” (alterado) – Tartaruga Editora