Neste blog, vou passar fazer todo aquele trabalho que habitualmente tenho vindo a distribuir por vários blogs. Dar descanso aos velhos....

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 Barroso da Fonte sentenciou: a proposito de

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Foi assim que António Cruz Serra, Reitor da Universidade de Lisboa, iniciou a apresentação do mais fascinante livro deste século e de que Chaves precisava: Chaves Percurso de Históricas memórias.

O evento cultural ocorreu dia 24 de Junho, na Biblioteca Municipal de Chaves, pelas 18,30 h. Foi pequeno demais o auditório para ver e ouvir o que ali se disse e se mostrou. Um volume de 520 páginas, em capa dura, com sobre capa, profusamente ilustrado com gravuras de grande qualidade, algumas desafiando os colecionadores mais exigentes, mapas primitivos e texto delicioso que vem desfazer muitas muitas confusões, clarificar muitas dúvidas e abrir novas perspetivas para quem gosta de recuar aos tempos do Bispo Idácio, dos Romanos, dos Suevos, dos Godos e dos Visigodos. Mais do que uma monografia ou levantamento topográfico, para o ordenamento das estruturas da capital do Alto Tâmega, esta obra é uma espécie de bíblia ou receituário que responde e corresponde às muitas e diversificadas questões que se possam colocar ao residente, como ao ausente, ao natural desse chão ubérrimo, como ao turista que é surpreendido com as águas quentes, como ao viandante; tanto ao montanhista como ao arqueólogo que certamente não quer prosseguir viagem sem conhecer os segredos da cidade invisível que existe nos alicerces da Aquae Flaviae.

Maria Isabel Viçoso que se distinguiu nos anos sessenta, quando a tele-escola abriu os seus ecrãs para esse tipo de ensino à distância, ensinando a matemática em que foi vedeta nacional, nas escolas públicas das cidades de Braga, Bragança e Chaves que escolheu para viver e trabalhar e, onde quis prosseguir os seus tempos livres, depois da aposentação. Não surpreendeu, só agora, os seus concidadãos. Casada com o Delegado Procurador da República, durante os primeiros anos e Presidente da Câmara de Boticas, desde 1977 a 1993, Maria Isabel soube conciliar os deveres de Esposa e de Mãe, dedicando-se a tempo inteiro, à investigação histórica sobre o misterioso chão em que a cidade pousa. Começou por surpreender tudo e todos com um volume em que abordou a Igreja da Misericórdia e tudo o que constitui o riquíssimo historial e património da Santa Casa da Misericórdia de Chaves (2000). Se essa obra já deslumbrara e servira para catapultar esta Investigadora Barrosã ( natural de Gralhós), mais a série dos artigos científicos sobre os castros e a Cultura Céltica, na revista da Universidade Sénior; e a liderança local para apresentação de dezenas de obras literárias (prosa e poesia), fizeram dela uma grande Senhora que, mesmo que outras provas de dedicação, de rigor e de saber não evidenciasse, já deveria ter sido distinguida com uma dessas medalhas honoríficas que no dia 10 de Junho os sucessivos Presidentes da República vêm distribuindo. Algumas muito polémicas e, sobretudo, imerecidas. Já que essa vulgarização entrou no campo do ridículo, o poder local, não poderá manter-se insensível, perante tanto esforço, tanta dedicação e tanto saber acumulado. Maria Isabel Viçoso, ao lado de vultos como Júlio Montalvão Machado e Nadir Afonso, é uma personagem do tamanho da Serra do Brunheiro. Os dois Flavienses já têm, com inteira justiça, o seu nome perpetuado na toponímia Flaviense. Se ainda faltava mais alguma prova para eternizar o nome de Isabel Viçoso na toponímia da cidade que escolheu para viver e à qual tem doado décadas de trabalho inovador este Percurso de Históricas memórias representa um contributo incontestado.

O livro abre com a letra e a música da Marcha de Chaves. Maria Nelson fez a letra; Carlos E. Pereira a música. Isabel Viçoso explica nessa «Razão de ser desta obra», os motivos que a levaram a produzir tão meritório documento: «sou uma profunda admiradora, da natureza, do histórico património arquitetónico, da simbologia, das obras de arte antigas ou contemporâneas, em suma, deslumbro-me com tudo o que eleva o espírito do Homem nas poéticas oitavas da Marcha de Chaves...» Consoladora dedicatória aos leitores.

Foi uma sessão cultural riquíssima, pelas palavras de boas-vindas do Presidente da Câmara, da Assembleia Municipal e, principalmente, pelo Reitor da Universidade de Lisboa, Doutor António da Cruz Serra, natural de Chaves e ex-aluno de Maria Isabel Viçoso. Certamente pelo júbilo em apresentar, na sua cidade e em frente ao liceu onde ambos estudaram, o monumental livro da sua emotiva Professora de Matemática, Cruz Serra deliciou os presentes porque fez ver que este livro nos mostra uma cidade em cima da primitiva vila que todos conhecemos, mas que nunca haviamos visto. Os olhos, o saber e a certeza arqueológica já descoberta, confirmam uma cidade moderna, em cima de uma outra cidade pré-histórica. Chaves não foi apenas a diocese que o Bispo Idácio fundou para os Católicos, nem só a primeira sede da Casa de Bragança. Não foi só chão de passagem para os imperadores romanos: Trajano ou Vespasiano; nem foi somente terra de onde brota água a 72º graus centígrados, com vias romanas, com epicentro neste vale de Chaves. Foi uma das mais importantes cidades do norte de Portugal que produz mais do que recebe e tem filhos que apostam mais nela do que os poderes políticos dela esperam. Tiram-lhe mais do que lhe dão. Todos.

Faltava a Chaves uma obra desta grandeza. A partir dela muitos historiadores hão-de debruçar-se em busca dos mistérios que ainda não foram estudados nem explicados.

Bem haja a talentosa investigadora e a quantos com ela colaboraram, nomeadamente o marido e a filha médica, Sofia Viçoso que devem sentir-se orgulhosos da Esposa e da Mãe.

 

publicado por aquimetem, Falar disto e daquilo às 12:43

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