Neste blog, vou passar fazer todo aquele trabalho que habitualmente tenho vindo a distribuir por vários blogs. Dar descanso aos velhos....

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Jul 17

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 Como já disse, no dia 14 fui à Biblioteca Nacional de Lisboa a fim de visitar uma exposição artística e documental acerca dos 50 Anos de atividade do pintor António Carmo que ali está patente desde 17 de Maio e se vai prolongar até 1 de Setembro. Tive a sorte de ali me encontrar com o artista e por casualidade com uma conterrânea minha, a Maria da Graça, que sei admiradora do pintor e das cores e tons azuis que inspiram poesia nos poetas. 

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Deste pintor escreveu Baptista-Bastos: “A arte de António Carmo é uma pesquisa permanente e quase inovadora. Diria, não como definição, mas como processo de trabalho de pesquisa, ser uma arte que resume e sustenta uma particular visão do mundo, nascida de uma especial e pessoal experiencia. E é uma relação muito especial com a cultura porque estabelece uma distinção entre o modo de ver e o processo de realizar. O mundo de Carmo é um mundo de valores comprometido com a experiencia de vida e a maneira de a modificar”.

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Foi uma tarde cultural que passei parte com duas figuras ricas de saber e que me enriqueceram a ouvir falar daquilo de que têm conhecimento e arte no transmitir aos ouvintes. No decorrer da visita acompanhada pelo mestre António Carmo, aproveitei para tirar algumas fotos, onde aparece a minha distinta conterrânea ao lado do artista. 

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Só assim fui capaz de lhe tirar uma foto e obriga-la a mostrar a cara de grande senhora que é e a quem muito devem os poetas e prosadores transmontanos e não apenas. 

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Creio que não vai tomar a mal, e se dela receber alguma mensagem a condenar-me garanto-lhe que já tenho a resposta para dar: a culpa foi do pintor

 Em vídeo vê-se melhor como foi feita a visita

publicado por aquimetem, Falar disto e daquilo às 12:16
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4 comentários:
UM PORTUGUÊS DE MÃO CHEIA- DO AZUL DA POESIA, DO NOSSO SOL E DO NOSSO SANGUE. PORTUGAL E OS PORTUGUESES TÊM NESTE ARTISTA , MAIS UM MOTIVO DE ORGULHO DA NOSSA RAÇA...


A MÃO FELIZ - BAPTISTA BASTOS

"A arte de António Carmo é uma pesquisa permanente e quase permanentemente inovadora. Diria, não como definição, mas como processo de trabalho e de pesquisa, ser uma arte que resume e sustenta uma particular visão do mundo, nascida de uma especial e pessoal experiência.E é uma relação muito especial com a cultura porque estabelece uma distinção entre o modo de ver e o processo de realizar. O mundo de Carmo é um mundo de valores comprometido com a experiência da vida e a maneira de a modificar.
Sigo, há anos, como amador que tenta ser claro e expressivo, o trabalho deste pintor, e verifico que , só aparentemente, ele se não altera ou modifica. Em cada quadro, em cada um dos seus desenhos (ele é também um grande desenhador) a inovação e a proposta de uma outra experiência estão lá consignadas. Depois, ou como princípio, António Cramo pensa a sociedade em que vive subjugando as cores e o desenho aos próprios impulsos, momentâneos ou reflectidos, exigidos pelo seu próprio trabalho.
Ele possui um estilo, quero dizer: um modo muito pessoal de ver, pensando, a realidade que o cerca e, de certa forma, o explica e à sua arte. E nada nele, na sua arte muito pessoal e significativa existe, também, uma volutabilidade que cria e estabelece esse princípio de originalidade que é a marca dos grandes artistas.

A mão feliz não só acontece aos grandes artistas, como é o resultado de infatigável e intenso trabalho, aliado a uma atenção insistente e persuasiva. Assiste-se , hoje, a um regresso, quase brutal, do desmantelamento do humano em favor de uma falsa modernidade, filiada nos princípios da diferença e da distância. Carmo faz a reivindicação artística de não abandonar o humano em favor do trivial. A sua arte pertence a uma continuidade, renovada e renovadora, de uma cultura de intervenção, e, neste aspecto, ele parece-me extremamente original. O seu desenho, as cores de que se serve, a natureza expecífica dos seus temas remetem-nos para uma opção de classe que me parece extremamente original, sem nunca abandonar a natureza dos princípios clássicos.

Voltaire chamou à desumanidade « o pior de todos os vícios», tendo em conta a deserção do humano nas preocupações do homem. Facto semelhante acontece no nosso tempo. Há um discurso cultural a que importa sem insensível, porque admite e estimula o estabelecimento de uma relação de «distância» com aquilo que se faz. António Carmo , com uma perseverança, digna de todos os encómios recusa esses propósitos, e a sua arte faz apelo ao desmantelamento desses preconceitos, nascidos de uma época que infama o próprio conceito do humano. Ele é, na sua grandeza do humano, um artista sempre a caminho. Respeitem-no, estimulem-no, e fixem-no. Ele está no nosso tempo para fugir dele e caminhar para o futuro.

BAPTISTA- BASTOS
Anónimo a 17 de Julho de 2017 às 07:05

UM PINTOR COM COR - ESCRITOR MANUEL DA SILVA RAMOS

Há muitas maneiras de olhar para uma pintura. Duas delas, as mais evidentes, são as que ligam importância à cor ou ao desenho. Acabava eu de ver a exposição de António Carmo na Biblioteca Nacional e voltando para a Covilhã pensei nessa noite em Kandinsky. Como o pintor russo que punha a cor acima de tudo ( há anos vi uma rectrospectiva da sua obra em Paris que me deixou completamente "azul") também o português privilegia a cor como forma de expressão. Uma semana mais tarde, encontrei o pintor em Lisboa e falei-lhe do Kandinsky, e, curiosamente, o António Carmo confirmou a minha impressão.
É um fulgurante fogo de artifício de cores a pintura carmiana e que naturalmente conduz à poesia.. E raramente se vê isto em Portugal. É por isso que o visitante da sua obra, tem uma adesão imediata aos seus quadros. É subjugado por uma paleta de cores incriveis que vão directamente ao coração. À emoção. António Carmo tem um dom raro, que não é apanágio de muitos criadores portugueses: o equilíbrio e o posicionamento das cores.Tudo parte daí. Nada é acessório ou supérfluo.Tudo contribui para uma explosão quente e inaudita de cores. O vulcão colorido de António Carmo não escolhe públicos. Fascina tanto o erudito, como o homem comum.É o seu grande trunfo e o facto de ele ter exposto mais no estrangeiro onde a sua criação é consagrada e respeitada, prova que a sua qualidade é mais reconhecida lá fora que no país. Não é normal isso, mas a verdade é que se continua a viver um provincianismo cinzento em Portugal. Poucos críticos de pintura, poucos espaços de divulgação nos jornais, poucas galerias em actividade. Quais são os pintores portugueses que se orgulham de terem exposto em Inglaterra, Espanha, Holanda, Bulgária, Alemanha, na antiga Checoslováquia, Luxemburgo, U.R.S.S., Japão, Macau, Austrália, Marrocos, Canadá, Venezuela, Suécia, Brasil, Polónia e Bélgica? Poucos. É por isso que os portugueses devem correr até à Biblioteca Naciona, em Lisboa, para descobrir este portentoso disseminador de cores, um cirurgião da emoção colorida. Anita Nardon, uma reputada crítica belga, bem viu isso em António Carmo e afirmou:« com cores quase primárias ele consegue fazer um grande equilíbrio na cor».
Homem culto que conhece os seus pares antigos ou vivos ( admira Léger, Chagall, Picasso, Mondrian, os expressionistas alemães, os grandes muralistas mexicanos Rivera, Siqueiros etc e os portugueses Amadeo, Eduardo Viana entre outros), António Carmo não foi sempre um cromático. Começou pelo desenho e só mais tarde se encaminhou para o guache e o óleo. Fez desenho de intervenção, de combate, contra o fascismo, com uma grande força visual. Ilustrou livros e o suplemento cultural do jornal "O Diário" e deu também desenhos para "O Ponto". Em 1970 fez a sua primeira exposição de desenho contra o sistema, tendo sido visitado pela PIDE.
A mostra apadrinhada pelos pintores João Hogan e Jorge Barradas, foi um sucesso e a imprensa deu destaque ao acontecimento. Entrou na cor depois do 25 de Abril, e nunca mais parou este antigo aluno da António Arroio que foi bailarino durante muitos anos e que nunca pensou ganhar a vida como pintor mas sim como designer ou publicionista. Esta exposição de António Carmo - uma explosão vivificante de cores - conduz-nos a uma alegria e a um bem-estar perenes. Ela tem também um lado reconfortante e mágico. Há dois quadro de que eu gosto particularmente nesta mostra.
Em " A Merenda", que é um casal em piquenique, há um amor translúcido que se eleva da refeição trivial e que nos faz acreditar que a mulher está pronta ao embate sexual para perpetuar a espécie. Amor sublime incorporado terrivelmente no pão e no vinho. E o olho finório do cavalinho de madeira, simbólico, diz que devemos acreditar nessa cena. O que é fascinante neste quadro é a combinação das cores claras( o rosto e os braços dos dois personagens) com o vestuário do casal, cor de vinho e cor de cereja. Este quadro que nos atinge pelo seu valor cromático...
E o "No Atelier com Magritte que é uma homenagem ao pintor belga surrealista René Magritte. Aqui se reunem várias coisas inerentes ao inerentes ao universo do famoso pintor.
...
Diz o pintor- Sou um homem/um poeta/ uma máquina de passar vidro colorido..
Anónimo a 17 de Julho de 2017 às 13:31

...!...

continuação da descrição do quadro de "No atelier com Magritte", por não ter ficado completo, devido à limitação de caracteres, no comentário anterior...

... Este quadro que nos atinge pelo seu valor cromático é de um tamanho ideal (1,50m x1,30m). Assim como é de um tamanho ideal, (1m x1m)", No Atelier com Magritte, que é uma homenagem ao pintor belga surrealista, René Magritte. Aqui se reúnem várias coisas inerentes ao universo do famoso pintor: uma macã verde,, um peixe cinzento, nuvens brancas, uma mão ocre, um chapéu de coco preto, um céu azul, um cachimbo negro e finalmente um rosto soberbo de mulher com uma mancha vermelha na cara. O seu cabelo é de cor cinza e está encaracolado. O repertório de cores que se entrechocam aqui é de uma grande felicidade.
Mas há outros quadros e esses serão também uma surpresa tónica para o visitante.
Músicos, compositores, pintores, poetas cruzam-se com figuras mitológicas do amor, e até há um quadro autobiográfico com o próprio pintor, na última tertúlia da Brasileira.
Como Mário Cesariny, outro grande pintor, António Carmo, o poeta que desenhou a última capa da revista de Natal do Jornal do Fundão , pode dizer: «Sou um homem/ um poeta/ uma máquina de passar vidro colorido».

Despachem-se pois para ver esta exposição de António Carmo porque não é todos os dias que um pintor cheio de força e vontade criativa tenta fazer concorrência ao sol português que ilumina tudo.

Escritor Manuel da Silva Ramos

Anónimo a 17 de Julho de 2017 às 14:16

Parabéns ao pintor, mas também a quem com tanto afinco e empenho se dispõe a medir e dar relevo ao que se lhe ofereceu divulgar acerca do mestre António Carmo. Quem assim se manifesta não pode esconder que sente e vibra com a obra inspirada e pela paleta e pincel do artista transformada em imagem sedutora. O meu louvor e apreço.

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