Nas procissões da cidade, o Sr. Rosado, carregava sempre com a cruz
Faleceu na passada 3ª-feira, vitima de doença prolongada, o Sr. António Joaquim Fernandes Rosado, pessoa muito estimada por todos que de perto com ele privavam ou tinham vulgar relacionamento. Conheci-o casualmente quando um dia, já distante, travei conversa com ele no inicio de uma palestra a que ambos fomos assistir no Colégio Planalto. No final trocamos impressões à volta do tema a que assistimos, e a partir daí ficamos amigos para sempre. Natural de Alfundão (Ferreira do Alentejo), onde nasceu a 07 de Fevereiro de 1936, este alentejano de gema casou na Baronia (Alvito), terra de sua esposa e que passou também a ser a sua, embora muito cedo Lisboa fosse a terra escolhida para residência do generoso casal.
Daqueles alentejanos que fazem luxo em não deixar as esposas irem sozinhas à igreja, o Sr. Rosado serviu não só a comunidade cristã do seu bairro, mas também aquelas por onde passou e o seu labor generoso e voluntário deixou rasto. Na Baronia, serviu como membro da Comissão Fabriqueira, na paroquia de Santa Justa (Baixa Chiado) como ministro da Comunhão que durante muitos anos vi exercer todas as manhãs na igreja de São Domingos.
Fervoroso devoto de São Josemaria Escrivá, esteve comigo no Vaticano aquando da sua canonização. Momentos bons que com este saudoso amigo desfrutei, aquela visita à Baronia, as “romarias” ao Cabo Espichel, a Fátima, o 2º domingo de cada mês, em que havia recoleção, são peças soltas que hoje recordo e certamente devem ter servido de escada, com o sofrimento que com resignação aceitou, para neste Advento e “novena” da Imaculada mais rápido entre no reino.
De louvar o acompanhamento moral e espiritual que o Padre Vitor Gonçalves deu a este amigo, que na igreja de São Domingos, onde ele é pároco, o Sr.António Rosado com muito zelo e empenho foi voluntarioso colaborador. Não sendo a sua paróquia, nem por isso os afazeres ao serviço da Igreja e dos fieis, impediram o Sr. Padre Vitor Gonçaves de arranjar um bocadinho de tempo para que ao Sr. Rosado não faltasse a sagrada comunhão, durante a semana, assim como agora, no dia do adeus terreno, vir ao Bairro da Serafina, celebrar missa de corpo presente e encomendá-lo para Deus. Acto bonito, de amigo. Também perdi um amigo na terra, mas ganhei-o em bom lugar. Um homem de fé.
À esposa, D. Joaquina; às filhas, Ana Bela e Silvéria Rosado e demais família em luto, os meus sinceros pêsames.