A feira da Luz surgiu por alturas em que tiveram inicio as festividades em honra de NS da Luz e à volta dessa devoção, que começa com o aparecimento duma pequena imagem em madeira na Fonte do Machado, em 1463. Começando por vender objectos religiosos e produtos agrícolas, à medida que a fama da festividade aumentava também a feira ia cativando comerciantes com bancas de comes e bebes, louças, cestaria, e até feira de gado chegou a ser quinzenalmente
Todavia a feira anual foi sempre o ponto forte dos comerciantes de cavalos e de gado vacum. Inicialmente não era como agora durante todo o mês de Setembro, mas apenas 3 dias. Passar de 3 para 5 dias ficou a dever-se ao tempo em que Belém foi Município e a freguesia de Carnide lhe pertencia. E determinou: 08 e 11, mercado de gado; e os restantes para comercialização de outros produtos
Ontem mais que hoje o Largo da Luz ficava apinhado de barracas e animado com manifestações populares e competições desportivas, teatro de rua e fantoches, que os famosos petiscos, com destaque para as farturas, davam alegria, cor e sabor aos da casa e aos forasteiros. Muitos aproveitavam para fazer piqueniques ao longo das estradas da Pontinha, da Correia e do Poço do Chão, vias que as modernas similares em parte já mutilaram.
Já sem aquele tradicionalismo que lhe deu fama, em vez dos carros de tracção animal, das bestas, dos cestos à cabeça ou as costas carregados com mercadoria, hoje são as roulottes das farturas, as barracas, onde se vende de todo o tipo de artigos, a dominar o certame. Do mesmo modo os jogos populares, as provas desportivas, o teatro de rua e os fantoches que neste mês de Setembro animavam o Largo da Luz, passou a ser palco de música moderna e artistas da nova vaga.
Este ano pela primeira vez a organização da feira esteve a cargo da Junta de Freguesia, o programa muito musicado estava bem preenchido. Mas quanto a mim muito pobre no apoio à parte religiosa, uma vez que fazendo 550 anos o santuário que dá nome ao certame, merecia mais visibilidade autárquica e até militar, como ainda não há muito era costume acontecer. A Igreja dispensa folclore, mas da parte dos políticos dispensar um bocadinho do seu para estas causas nobres não fica nada mal.
Se foi vantajoso para Carnide esta transferência de organização só os intervenientes no processo sabem. Que o tempo chuvoso que se fez sentir neste mês de Setembro não deve ter ajudado à festa quase todos nós demos conta disso. Mas houve novidade e esta de comboio para mostrar a Zona Histórica de Carnide, merece louvor. Encerro com noticia transcrita do PUBLICO:
“Para as crianças, existiu um espaço mais alargado com carrosséis, e os pais puderam usar o comboio turístico para percorrer a feira e o centro histórico de Carnide. Outra novidade foi o Mercado de Arte de Carnide, instalado no interior do jardim, onde os pequenos artesãos puderam vender os seus artigos”. Que se não perca a memória da Luz